9 de jul. de 2013

RECORTES I

Colocar o MPL como "lider" das manifestações é querer diminuir nossa indignação a meros 20 centavos. A função deles foi primordial para acender o pavio da bomba que estava guardada a anos, mas a sua pauta de reivindicações era pouco ambiciosa para tamanha força demonstrada. O noticiário sutil e de forma subliminar, vende a ideia que tudo isso é somente pelo aumento das passagens. Precisamos estar ligados e tratar de contaminar quem esta alienado. VALEU MPL, MAS AGORA A PAUTA É MAIS EM CIMA!

Não torço pela seleção brasileira mais sim pelo Brasil

Não torço pela seleção brasileira mais sim pelo Brasil. Fico estarrecido ao ver como o futebol é habilmente usado para promover a alienação das massas e seu afastamento das questões importantes. Hodiernamente existe uma tendência a mudança desse quadro, mas acompanhando a nossa história, vemos que o fervor de nosso povo para lutar por seus diretos e reivindicar o que é certo, foi paulatinamente trocado pelo fervor futebolístico onde os gritos de reivindicação das ruas foram substituídos pelos gritos de gol.

Estranhamente as copas em que a seleção brasileira foi campeã sempre estiveram próximas a momentos de crise. Em 1956 a revolta de Jacareacanga quando militares da aeronáutica insatisfeitos tentaram depor o presidente Juscelino Kubitschek e em 1958 a seleção brasileira ganhava sua primeira copa. 1960, a capital do Brasil é transferida do Rio de Janeiro para Brasília em meio a críticas sobre os gastos excessivos e o endividamento junto a credores internacionais e em 1962 a seleção brasileira se consagrava campeã de mais uma copa. No ano de 1970 era mais um campeonato enquanto vivia-se a sombra do AI5. Na década de 90 tivemos o impeachment do presidente Fernando Collor (1992), ocorre a conferência mundial para o meio ambiente (1992), plebiscito sobre o sistema de governo (1993) e a seleção brasileira conquista mais um título na copa do mundo de 1994.

Somos o pais do futebol ou nos fizeram um pais de futebol? Aos pucos já estávamos viciados em futebol e a nossa "domesticação" ou transformação de povo politizado e reivindicador para cordeiros mansos indo para matadouro, já estava completa. Numa atualização da frase de Maquiavel quando ele diz que "O povo precisa de pão e circo", podemos dizer hoje: o povo é pobre mas se alegra com um gol!

Hoje, além da copa do mundo, são quase 100 campeonatos se considerarmos  todas a divisões. Assim temos a Copa do Brasil (competição nacional); campeonatos regionais; campeonato brasileiro (acontece no segundo semestre); a libertadores da América (times da América do sul e do México) entre outras competições espalhadas pelo mundo. Tudo massivamente transmitido e massificado pela mídia dominante na mente das pessoas de forma impositiva. Hoje em dia, quando uma criança nasce, a primeira preocupação do pai é se o seu filho seguirá sua preferencia futebolística. É muito comum comprar a camisa do time antes de ter outras preocupações mais importantes sobre o futuro da criança.

O absurdo chega a tanto que frequentemente e não deforma isolada e esporádica, vemos episódios de violência, assassinatos, acidentes envolvendo as grandes multidões de torcedores. Mas tudo isso é pouco comparado com o volume de dinheiro movimentado em torno desse circo. Somente a Fifa, terá um lucro de mais de 10 bilhões com uma única copa. Se somarmos isso ao lucro dos patrocinadores, dos times, as transações milionárias envolvendo jogadores, concluímos que a soma é muito alta para se pensar em soberania nacional, em benefício para o povo e para a distribuição justa dessa renda que traria muitos benefícios reais.