23 de jun. de 2013

Já contaminou alguém hoje?

Engana-se quem diz que o gigante acordou e este, perdido e desorientado, não sabe nem o porquê de estar lutando. Talvez achem que, por não estar ligado a uma legenda partidária, sigla revolucionária ou há uma ideologia, não exista um nexo entre as reivindicações, pois cada cartaz mostra onde a sensibilidade de cada um é mais suscetível. Assim temos protestos por saúde, educação, contra a PEC37, contra a corrupção e por ai vai.
Os mais atentos conseguem enxergar um nexo lógico e coerente que traça uma linha reta em direção aos nossos políticos, mais detidamente contra o nosso congresso nacional, formado por partidos políticos que, na concepção popular, são maquinas de ganhar dinheiro com políticos que legislam em causa própria, fazendo leis para garantirem a própria impunidade.
Mesmo estes que estão botando o bloco na rua sem se darem conta do que se passa realmente no congresso nacional, em uma frase muito usada pelo povão e não admitida pelos deputados e senadores, sempre preocupados com a "boa imagem da casa" define a indignação do povo: “político só sabe roubar, é tudo ladrão”. Roubo, segundo nosso código penal em seu artigo 127 é: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Metaforicamente, o povo se sente subtraído de coisas necessárias a sua sobrevivência, mediante grave ameaça, pois a repressão de nossa iniciativa ocorre  pelo estado de inação e alienação que vivenciamos durante anos que impossibilitou a nossa resistência e a violência ficou por conta do descaso com a saúde.
Vemos assim que a falta de ideologia está sendo suprida pela revolta, pela falta de hospitais, pelos gastos com a copa do mundo e outras questões a mais. No final não se trata de vinte centavos apenas.
Outro fenômeno, muito perigoso para os que mamam nas tetas do poder, é que essas pessoas simples, que acham que políticos são tudo um bando de ladrões, ao contato com as mentes mais esclarecidas, acabam se contaminando com estas. Assim, aos poucos vemos que a secular alienação está desaparecendo contaminada pelo contato e pela troca natural que acontece nas ruas. Um cara me perguntou outro dia: "o que é essa PEC37", e eu mais que prontamente fui tratando de contamina-lo com essa e outras informações. No final ele disse: "temos que ir para a rua mesmo, a gente já aturou muito".
Dessa forma, que tal contaminar alguém hoje? O gigante agradece.

19 de jun. de 2013

O velho e bom PT

Sinto saudades do velho e bom PT. Era muito legal ver o falecido Brizola chamar o Lula de sapo barbudo numa relação de confronto que o PT de hoje evita. Antes tínhamos um grupo de visionários preocupados com os trabalhadores do Brasil e o tom dos discursos era empolgado e radical. Não se via empresários ou políticos de carteirinha que migram de partido em partido a procura daquele que está na moda para lhes garantir mais votos. O bom e velho PT não admitia contradição no discurso: ou era pão ou era pedra, sim sim, não não. Sem negociação, gostasse quem gostasse. Era um certo charme marxista sem ser abertamente comunista, mas tinha tudo em comum com estes.
Aquele tom radical de quem morre mas não faz conchavo com o inimigo para ganhar pequenas batalhas, abrindo mão da guerra, foi trocado pelo negociar e ceder para poder governar. E assim começou o mensalão, o escândalo com o filho do Lula e outras desventuras a mais. O fogo se apagou em meio a invasão de parasitas, oportunistas e a ganância de alguns de seus membros. Entre promessas de verbas, silencio e omissão com a corrupção e negociação de cargos, vejo o PT da modernidade ser loteado e vendido e em breve, muito provavelmente, ser massacrado nas urnas.
Hoje é comum encontrar pelas noites boêmias da Lapa e em outros lugares ex-petistas militantes que acreditavam numa ideologia para orientar o povo e hoje vagam desiludidos com os rumos que o bom e velho PT tomou. Confesso que nunca me filiei de carteirinha ao bom e velho PT de antigamente, pois sempre fiz o gênero revolucionário solitário, mas o bom e velho PT sempre tinha meus votos e daqueles que me cercavam. Eu sempre conseguia cativar parentes e amigos com o discurso ideológico de um Brasil mais justo onde o trabalhador seria valorizado não apenas como força de trabalho, mas também como pai, mãe, marido, esposa, aluno, professor e ser humano. Hoje tenho que aturar os comentários que doem mas são justos do tipo "seu PT, hem, decepcionou" ou "e ai, você enriqueceu com eles ou ainda tá pobre?"
Onde estará o bom e velho PT? Atualmente seus membros votam a favor de aumento de salário dos parlamentares, inventam medidas para diminuir a fiscalização do judiciário sobre o legislativo, aceitam financiamentos milionários para campanhas eleitorais, ficam em seus gabinetes refrigerados e não se vê mais um parlamentar do PT de hoje tomando um cafezinho na esquina, conversando com o povão sem interesse de conquistar votos.
De partido dos trabalhadores o PT se transformou num partido político, na sua definição mais baixa: maquina de ganhar dinheiro com políticos que legislam em causa própria, fazendo leis para garantir a própria impunidade. Independente de existir petistas da modernidade que ainda vibram no diapasão do bom e velho PT, não se pode separar o trigo de um joio tão denso e evidente.
Saudações petistas, ou melhor saudades dos bons e velhos petistas.

18 de jun. de 2013

O Gigante acordou

Tudo bem. Sei que virou clichê falar das manifestações que ocorrem em todo Brasil, mas não tem como deixar de falar. Ainda mais eu, que sempre critiquei a inércia sem justificativa em que se encontrava a nossa sociedade. Sempre que acontecia alguma coisa de interesse da nação, lá estava eu criticando os jovens de hoje, fazendo comparações com a juventude de 70. 
Então é com grande satisfação que vejo que estamos assumindo nossa herança histórica de povo lutador que não leva desaforo pra casa. Ouço um grito que estava preso na garganta do povo que não era o grito de campeão de uma copa que não traz benefícios para a população, mas um grito sufocado, nervoso, irritado com o que a classe política estava fazendo com a gente. Quando uma população que carrega o rótulo de ser fanática por futebol se reúne para protestar contra a copa é porque algo de muito diferente está acontecendo. 
Como uma hidra, o movimento se multiplica em várias cabeças impossíveis de se controlar, pois apesar das tentativas da mídia em desacreditar os manifestantes enfatizando o vandalismo isolado, no dia seguinte mais uma cabeça crescia em consciência e em quantidade de manifestantes. A mídia tenta enfatizar que as manifestações são somente pelo problema do aumento das passagens, mas aos poucos darão o braço a torcer e assumirão que é um somatório de pendências represadas durante esses 25 anos. A imprenssa lá fora já percebeu. Conforme noticiado no New York Times: "Os líderes do Brasil, acenam com gestos conciliatórios para tentar acalmar os protestos que estão engolindo as cidades do país, mas os manifestantes mantêm o tom provocador, ocupando as ruas aos milhares e extravasando sua ira sobre a corrupção política, o alto custo de vida e o enorme gasto público para a Copa do Mundo e as Olimpíadas"
Esta ira que esta sendo extravasada, conforme sentenciou o New York Times,  se origina no descaso da classe política com o povo que os sustenta. Existe uma sensação generalizada de ter sido traído por eles, pois lutamos, demos nossa cara a tapa, pessoas foram torturadas e morreram para que finalmente conseguíssemos redemocratizar o pais, conseguindo anistia para os exilados, conseguindo abrir espaço para que eles obtivessem seus cargos muito bem renumerados, para fazerem o que fazem com a gente.
Até os atos de vandalismo isolado, deveriam ser alvo de uma analise profunda por parte de nossas autoridades. Não seriam essas pessoas com ânimo mais exaltado a erva daninha que o sistema plantou e cultivou durante anos de descaso com os mais pobres? Não estaria colhendo o que não investiu em educação, saúde, cultura e dignidade da pessoa humana? E o evento com os PMs do Rio de Janeiro, coloca em evidência que, apesar da fidelidade da corporação ao governo do estado, esta se encontra despreparada, sem nenhum sinal de treinamento e disciplina militar, desaparelhada e sem estratégia.

6 de jun. de 2013

Cotas: um mal ainda necessário

Parabéns aos aprovados no último concurso para a magistratura do Rio de Janeiro...


mas onde estão os negros???