18 de jun. de 2013

O Gigante acordou

Tudo bem. Sei que virou clichê falar das manifestações que ocorrem em todo Brasil, mas não tem como deixar de falar. Ainda mais eu, que sempre critiquei a inércia sem justificativa em que se encontrava a nossa sociedade. Sempre que acontecia alguma coisa de interesse da nação, lá estava eu criticando os jovens de hoje, fazendo comparações com a juventude de 70. 
Então é com grande satisfação que vejo que estamos assumindo nossa herança histórica de povo lutador que não leva desaforo pra casa. Ouço um grito que estava preso na garganta do povo que não era o grito de campeão de uma copa que não traz benefícios para a população, mas um grito sufocado, nervoso, irritado com o que a classe política estava fazendo com a gente. Quando uma população que carrega o rótulo de ser fanática por futebol se reúne para protestar contra a copa é porque algo de muito diferente está acontecendo. 
Como uma hidra, o movimento se multiplica em várias cabeças impossíveis de se controlar, pois apesar das tentativas da mídia em desacreditar os manifestantes enfatizando o vandalismo isolado, no dia seguinte mais uma cabeça crescia em consciência e em quantidade de manifestantes. A mídia tenta enfatizar que as manifestações são somente pelo problema do aumento das passagens, mas aos poucos darão o braço a torcer e assumirão que é um somatório de pendências represadas durante esses 25 anos. A imprenssa lá fora já percebeu. Conforme noticiado no New York Times: "Os líderes do Brasil, acenam com gestos conciliatórios para tentar acalmar os protestos que estão engolindo as cidades do país, mas os manifestantes mantêm o tom provocador, ocupando as ruas aos milhares e extravasando sua ira sobre a corrupção política, o alto custo de vida e o enorme gasto público para a Copa do Mundo e as Olimpíadas"
Esta ira que esta sendo extravasada, conforme sentenciou o New York Times,  se origina no descaso da classe política com o povo que os sustenta. Existe uma sensação generalizada de ter sido traído por eles, pois lutamos, demos nossa cara a tapa, pessoas foram torturadas e morreram para que finalmente conseguíssemos redemocratizar o pais, conseguindo anistia para os exilados, conseguindo abrir espaço para que eles obtivessem seus cargos muito bem renumerados, para fazerem o que fazem com a gente.
Até os atos de vandalismo isolado, deveriam ser alvo de uma analise profunda por parte de nossas autoridades. Não seriam essas pessoas com ânimo mais exaltado a erva daninha que o sistema plantou e cultivou durante anos de descaso com os mais pobres? Não estaria colhendo o que não investiu em educação, saúde, cultura e dignidade da pessoa humana? E o evento com os PMs do Rio de Janeiro, coloca em evidência que, apesar da fidelidade da corporação ao governo do estado, esta se encontra despreparada, sem nenhum sinal de treinamento e disciplina militar, desaparelhada e sem estratégia.

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